A jornada mística de herdeiros de atlântida
Quando falamos de boas histórias geralmente falamos de algo que te prende, uma narrativa que não importa em qual mídia, possa te elevar ao máximo e trazer algo significativo para sua vida. Os cenários fictícios talvez sejam mais exuberantes ainda por encantar os seus fãs por cenários místicos, batalhas épicas ou momentos singelos, únicos e de certa forma realistas. Afinal a ficção não é feita somente de espadas, dragões e batalhas, mas também de vidas em torno daquilo, de toda uma carga dramática e eloquente em torno daquilo.
O cenário da fantasia brasileira também nunca foi tão imenso assim e raramente algum escritor se destacava com um “Best Seller”, Eduardo Spohr então estreou nessa carreira literária com A Batalha do Apocalipse e então rumou para os caminhos de uma trilogia (Já finalizada), para o prazer de seus fãs e dos fãs da leitura. Enquanto os eventos de A Batalha do Apocalipse entregavam o fim do mundo, o épico e o dramático e toda uma carga roteirística cinematográfica, Filhos do Éden: Herdeiros de Atlântida nos presenteia com uma jornada mística e investigativa, com um cenário meio assustador e ao mesmo tempo fantástico, quase um road-movie. E de uma forma única, Spohr torna tudo isso algo bom, e bota bom nisso.
“Há uma guerra no céu. O confronto civil entre o arcanjo Miguel e as tropas revolucionárias de seu irmão, Gabriel, devasta as sete camadas do paraíso. Com as legiões divididas, as fortalezas sitiadas, os generais estabeleceram um armistício na terra, uma trégua frágil e delicada, que pode desmoronar a qualquer instante”
Há um confronto no céu, Miguel se tornou um tirano das passagens celestes e Gabriel um revolucionário, Deus está adormecido. Em meio a tudo isso somos apresentados a Rachel, uma estudante na cidade de Santa Helena que começa a ter perturbações na sua vida com a presença de homens que a procuram e problemas de saúde. No céu há uma busca por Kaira, uma general que descera a Terra para a busca de um tratado e a investigação de uma conspiração milenar e por cima a trilha de Denyel, um ex exilado permanecido na Terra que busca retornar aos campos do céu para lutar. Todas essas tramas se convergem para uma coisa: A sagrada Atlântida.
Rachel é a nossa protagonista e de um caráter extremamente fácil e bom de se parelhar, Ablon em A Batalha do Apocalipse seguia toda uma carga dramática com seus medos e alcunhas, mas Rachel é só uma universitária em busca de respostas para seus problemas e sua ambientação também é muito singela. Santa Helena é meio mística, com um clima de cidadezinha de uma HQ do Constantine ou Hellboy, é nesse ponto que ABDA e HDA se diferenciam, são climas diferentes, modos literários diferentes e duas jornadas místicas extremamente singulares.
De início somos tragados pela loucura do universo de Spohr, seus pontos místicos merecem uma avaliação de tamanha qualidade imaginativa e a ação não deixa a desejar. Rapidamente as decisões são tomadas e toda a construção de personagens é muito bem abordada no livro, para fãs de RPG é um deleite só com monstros, demônios, assombrações, anjos, cidades sagradas, feitiços e inúmeros outros aspectos. O estilo narrativo de Spohr também é muito fluído e similar ao RPG, além de todo um roteiro fácil e deleitoso a fãs de fantasia.
É nessas páginas simples e ocultas que se move um espírito fumegante de uma história narrada a um ponto tão único e fiel que chega a te engolir por completo, você não percebe mas está imerso pela qualidade narrativa e toda aquela história de Spohr. Herdeiros de Atlântida finaliza de uma maneira justa e única para o início de uma trilogia, encanta, fascina e por fim espanca, mas te revigora novamente.
É um início de trilogia forte, um livro belíssimo para a ficção brasileira e um prato delicioso para fãs de fantasia e RPG.
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